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Como me descobri Professora.


Em 2014 iniciei as aulas de reforço escolar sem nunca ter lecionado, somente um desejo forte de contribuir com o processo de alfabetização das crianças que moram na "Favelinha".


Através da vivência percebi que lecionar tinha a ver com coração. Uma relação de afeto entre educador e educando, assim proporcionando um ambiente perfeito para o aluno florescer. Apesar de nenhuma experiência ou habilidade teórica, a cada aula eu aprendia que o pouco que eu sabia já contribuía muito na vida das crianças, o sentar para ler para eles, auxiliar em uma pesquisa ou tarefa de casa, animar com palavras positivas, aumentando assim a estima, foi uma das minhas estratégias educacionais.

Foi nesse ambiente que vi, que apesar do relato sempre ser "Não gosto de estudar" " Não consigo!" " É muito difícil!"; pouco a pouco cada um deles ia evoluindo e gostando de aprender, interagindo mais com os livros e gostando de permanecer naquele humilde espaço de aprendizagem. Minha proposta nunca foi ser um espaço formal de educação, até porque nem condições tinha. Mas ser um espaço alternativo, de descobertas, vivências , escuta e muito incentivo.

E o resultado de sucesso se dava em cada abraço e testemunho de gratidão. As crianças diziam que ali gostavam de estudar, de ficar, de interagir, e cada um desses relatos me servia de incentivo para buscar me aperfeiçoar para eles, para os meus alunos e alunas.

Mudei de profissão! Sai da área de saúde na qual exercia a função de técnica de enfermagem, para ser Professora; Confesso que minha mãe foi também um dos meus maiores incentivos. Como Professora de escola pública, enfrentava os mesmos desafios que eu, ao lecionar para crianças em situação de vulnerabilidade social. Trocávamos e ainda trocamos muitas experiências , ela contribuiu muito com minha mudança.

Mas como mudar de profissão? Já graduada em teologia; Como voltar a uma graduação sem dinheiro e sem tempo? Até que a oportunidade chegou! Graduanda em pedagogia pela UERJ, me orgulho de mim mesma. Não é falsa modéstia , mas só a gente sabe cada perrengue que a gente passa.

2018 estava eu sentada em uma cadeira escolar de novo e o coração cheio de vontade de aprender para ser cada vez melhor para as minhas crianças do projeto. Descobri que muito do que eu fazia sem orientação estava em consonância com o pensamento acadêmico, e fortaleceu minha crença que educação se faz com o coração. Ele nos leva para caminhos assertivos, tudo feito com amor dá certo.

Claro que a experiência acadêmica me potencializou, como ainda faz. Ser graduanda de pedagogia foi um divisor de águas na minha vida, mas afirmo que antes a professora já existia.


"Os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam serem especialistas em amor: Intérpretes de sonhos."
Rubem Alves.

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